O dispositivo intra-uterino (DIU) é um método anticoncepcional já consagrado, por sua praticidade e segurança. São muito seguros, sendo divididos em DIUs hormonais e não-hormonais.
De forma geral podem ser inseridos no consultório, após consulta de aconselhamento e preparo simples, e a maior parte das pacientes tem uma dor de leve a moderada, mas rápida. Em casos mais específicos, ou caso a paciente prefira, o procedimento pode ser realizado sob sedação no centro cirúrgico.
Os DIUs não-hormonais são os DIUs de cobre, ou cobre com prata. As primeiras descrições científicas modernas sobre dispositivos intra-uterinos para anticoncepção são da década de 1960, mas especula-se que podem ter sido usados desde a antiguidade. Atualmente existem em diversos tamanhos e formatos, tendo a grande vantagem de serem inertes do ponto de vista hormonal, o que é desejável para mulheres que tem contraindicação ou preferem não usar hormônios.
O DIU de cobre age modificando o endométrio (revestimento interno do útero) e o muco do colo uterino, transformando o ambiente adverso para a ascensão dos espermatozoides e também para os oócitos (“óvulos”). A ovulação não é inibida pelo DIU.
Os ciclos menstruais ocorrem normalmente, podendo ocorrer um aumento do fluxo menstrual e das cólicas em boa parte das mulheres. Tais efeitos costumam ser bem tolerados na maior parte das pacientes, podendo ser controlados com algumas medicações, mas não costumamos indicar DIU de cobre em pacientes com fluxo e cólicas já aumentados.
DIUs de cobre com prata: o mecanismo é o mesmo, mas a prata associada estabiliza o cobre, reduzindo o raríssimo evento de corrosão do cobre. Foi introduzido no arsenal médico com a proposta de reduzir cólicas e fluxo, mas tal benefício não foi significativo nos grandes estudos.
Imagem de DIU de Cobre com Prata
Imagem de DIU em formato de ferradura ou omega
Os DIUs hormonais são aqueles que contém levonorgestrel, um tipo de progesterona, liberado dentro do útero em pequenas doses diárias. Sua ação anticoncepcional acontece através do espessamento do muco do colo e da atrofia da camada interior do útero (endométrio). Pela atrofia do endométrio, os DIUs hormonais reduzem o volume do sangramento menstrual, e por isso também são muito úteis para alguns quadros de sangramento aumentado.
No Brasil existem duas opções de DIU hormonal. Ambos têm a mesma técnica de inserção, o mesmo tipo de hormônio liberado, a mesma duração de 5 anos e taxa de eficácia semelhante (acima de 99%).
Então quais as diferenças entre os DIUS hormonais?
– O Kyleena é um pouco menor em comprimento, largura e espessura. Enquanto o outro mede 32 x 32 x 1,9mm, o Kyleena mede 30 x 28 x 1,5mm. É uma diferença pequena, mas para pacientes com úteros menores ou que nunca engravidaram o Kyleena pode ser de mais fácil inserção.
– A dose de hormônio do Kyleena é menor, sendo útil para quem quer minimizar ao máximo os paraefeitos hormonais (como dor nas mamas, oleosidade da pele)
– Um é mais eficiente em controlar sangramentos aumentados e cólicas, sendo mais indicado no tratamento de casos de endometriose e adenomiose, por exemplo.
Comparativo entre o tamanho dos DIUs hormonais com levonorgestrel
Dúvidas comuns sobre os DIUs:
Imagem de DIU com levornogestrel
Tenho medo de engravidar com o DIU, ele é seguro?
Sim, a eficácia do DIU é muito alta, superior a 99% para todos os tipos de DIU.
Tem uma idade mínima para usar DIU?
Não, ele pode ser usado da adolescência até a menopausa. Hoje já se sabe que pode ser utilizado por quem nunca passou por uma gestação, por quem teve cesariana, desde que seja escolhido e colocado com técnica adequada. A mulher que nunca teve filhos tem geralmente um útero menor do que da mulher que já teve filhos, mas isso não é por si só uma contra-indicação ao uso de DIU. Quando suspeitamos tratar-se de um útero pequeno podemos optar por modelos de DIU menores; são raros os casos de cavidades uterinas tão pequenas que não seja possível usar nenhum modelo de DIU.
Para mulheres que estão amamentando não interfere na composição e nem na quantidade de leite.
É contraindicado em mulheres com doença inflamatória pélvica ou doenças sexualmente transmissíveis no momento da inserção – tais infecções deverão se tratadas para posterior uso do DIU. Também não deve ser utilizado em mulheres com mal-formações uterinas ou miomas que distorçam a cavidade uterina.
O DIU precisa ser colocado em centro cirúrgico? Precisa de anestesia?
Os DIUs foram “desenvolvidos” para serem colocados em consultório, pois a grande maioria das mulheres sente uma dor moderada, mas rápida, que alivia em poucos minutos. O profissional com experiência na inserção de DIU consegue avaliar as melhores medidas para minimizar ao máximo o desconforto.
O procedimento pode ser feito em centro cirúrgico, sob sedação, quando se precisa fazer algum outro procedimento associado, ou quando houve uma dor muito intensa na tentativa de inserção no consultório, ou quando esta é a preferência da paciente.
Para o DIU não-hormonal é mais fácil de entender, afinal, sendo um método completamente sem hormônios não teria porque afetar o peso corporal. Mas o DIU hormonal, que libera uma dose diária muito pequena de progesterona, também não causa ganho de peso.
O DIU pode deixar a mulher infértil?
O DIU não provoca infertilidade. Se a mulher quiser engravidar, o DIU pode ser retirado a qualquer momento
Não existe nenhuma associação de DIU com lesões malignas ou pré-malignas do útero e do colo do útero.
Na relação sexual, o parceiro ou parceira pode sentir o DIU?
Não, o que pode ser sentido é o fio de nylon do DIU quando cortado muito curto. Quando cortado no comprimento habitual, ele é maleável, e não costuma ser sentido.
